Nossos sentimentos aos familiares.
Nesta segunda-feira (24), faleceu na capital pernambucana, o artesão Zé do Mestre, aos 92 anos. Ele enfrentava problemas de saúde.
Zé do Mestre, era um ícone no artesanato em couro, dedicou 79 anos de sua vida à produção de peças, que são utilizadas pelos vaqueiros na lida diária, a exemplo, gibão, perneira, luvas, guarda-peito, dentre outras.
As peças produzidas pelo artesão, na fazenda Cacimbinha, na zona rural de Salgueiro, vestiu vaqueiros e celebridades. Zé do Mestre produziu peças para Luiz Gonzaga, o rei da Espanha Juan Carlos e para o Papa João Paulo II.
Zé do Mestre além de um exclente artesão, também era vaqueiro, aboiador e poeta. Hoje, o legado que ele recebeu do Pai, Luiz Eugênio Barbosa, o Mestre Luiz, segue na família com o artesanato do filho Irineu do Mestre.
Biografia
Vaqueiro, aboiador, poeta e artesão, José Luiz Barbosa, o Zé do Mestre, nasceu no dia 29 de outubro de 1932, na Fazenda Cacimbinha, zona rural de Salgueiro, município do Sertão Central de Pernambuco. É um dos nomes mais importantes do artesanato em couro e dedicou 79 anos de sua vida à produção das peças que compõem a indumentária do sertanejo que enfrenta à Caatinga no pastoreio do gado. Herdou do pai, Luiz Eugênio Barbosa, o Mestre Luiz, a arte de cortar e moldar o couro, transformando a matéria-prima em símbolos significativos da identidade cultural nordestina.
Zé do Mestre foi o único dos 16 filhos de Mestre Luiz a trabalhar com couro. O patriarca foi sapateiro de prestígio na região e se iniciou no ofício aos 13 anos de idade depois de fazer para si o primeiro calçado usado em vida. Aos seis anos de idade, o menino José Luiz já trabalhava como ajudante do pai no riscado da pele. Aos nove anos, confeccionou o primeiro terno de couro contando com a ajuda do primo Línio Belarmino Barbosa, que anos mais tarde viria a ser seu sogro.
O artesão cresceu e vive até hoje na Fazenda Cacimbinha, distante 14 quilômetros do centro de Salgueiro, propriedade que há séculos pertence à família. Foi lá que aprendeu a lidar com a roça, a cuidar do gado e a fazer com maestria todas as 27 peças que compõem o vestuário do vaqueiro, entre gibão, guarda-peito, perneiras, luvas, arreios e chicotes. Não teve oportunidade de estudar e só frequentou escola por 15 dias, aos 13 anos, tempo suficiente para aprender a assinar o nome. Em 1942, casou-se com Antônia de Brito Barbosa, a Dona Toinha, que durante décadas o auxiliou na produção artesanal, e com quem teve dez filhos.
Artífice do couro, Zé do Mestre vestiu anônimos e famosos. Fez gibões para o amigo Luiz Gonzaga, presidentes da República, reis (Juan Carlos, da Espanha), pontífices (Papa João Paulo II), governadores e para centenas de sertanejos que anualmente fazem, no município de Serrita, a Missa do Vaqueiro, em memória a Raimundo Jacó. Seu trabalho conquistou admiradores em todo o mundo, integrando acervos de colecionadores particulares e de museus, como o Missionário Etnológico, em Roma. “Já tinha a certeza, desde cedo, que a minha vida seria com o couro. A arte me trouxe muita alegria na vida”, avalia o mestre.